Compositor e filósofo optou por morte assistida após lutar contra Alzheimer e deixou carta de despedida emocionante
O escritor, compositor e filósofo Antonio Cícero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na manhã desta quarta-feira (23) na Suíça, aos 79 anos. Sofrendo do mal de Alzheimer, o intelectual carioca tomou a decisão de realizar um procedimento de morte assistida, buscando preservar sua dignidade até o fim.
Em uma carta de despedida, Cícero compartilhou com amigos próximos os motivos que o levaram a tomar essa decisão.
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“Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, escreveu o filósofo, ressaltando o impacto da doença em sua vida, inclusive a dificuldade de reconhecer amigos e de continuar criando suas célebres obras literárias e filosóficas.
Antonio Cícero era irmão da cantora e compositora Marina Lima, com quem colaborou em diversas canções de sucesso, como “Fullgás” e “Para Começar”. Ele também deixou sua marca no cenário musical brasileiro ao lado de artistas como Lulu Santos, João Bosco e Adriana Calcanhotto.
O legado de Antonio Cícero será lembrado não apenas por sua vasta contribuição à cultura e literatura brasileira, mas também pela profundidade de suas reflexões filosóficas e literárias. Sua partida, marcada pela coragem e lucidez com que enfrentou o Alzheimer, deixa uma mensagem poderosa sobre a dignidade na vida e na morte.
Antonio Cícero: A Vida e Carreira do Escritor, Filósofo e Compositor Que Marcou a Cultura Brasileira
Antonio Cícero foi uma das figuras mais influentes da cultura brasileira, marcando presença como escritor, filósofo e compositor.
Nascido no Rio de Janeiro em 1945, ele cresceu em um ambiente familiar que respirava arte, sendo irmão da cantora e compositora Marina Lima. Ao longo de sua vida, Cícero transitou com maestria entre a literatura, a música e a filosofia, deixando um legado que atravessa gerações.
Formado em filosofia pela University College London, Antonio Cícero dedicou grande parte de sua carreira ao pensamento filosófico, com foco em temas como a ética, a estética e a relação entre arte e sociedade.
Sua paixão pela filosofia se refletiu em diversos ensaios publicados, que ganharam notoriedade pela profundidade com que ele abordava temas contemporâneos, conectando o pensamento filosófico clássico com a realidade moderna.
Seu livro mais conhecido nessa área é O Mundo Desde o Fim (1995), onde ele explora questões existenciais e filosóficas com uma clareza admirável.
Além de seu trabalho como filósofo, Antonio Cícero foi também um poeta de destaque. Suas obras poéticas eram densas e repletas de reflexões sobre o tempo, a existência e a efemeridade da vida.
Ele publicou diversos livros de poesia, sendo A Cidade e os Livros (2015) uma de suas obras mais reconhecidas. Sua sensibilidade com as palavras e sua capacidade de criar versos profundos conquistaram um público fiel, tornando-o um dos poetas mais celebrados de sua geração.
A música também foi uma área em que Antonio Cícero se destacou. Ele colaborou com sua irmã, Marina Lima, escrevendo letras para várias de suas canções, muitas das quais se tornaram sucessos absolutos no Brasil.
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Entre as mais famosas estão “Fullgás”, “Para Começar” e “À Francesa”, que se eternizaram na voz de Marina. Essas canções são exemplos de sua habilidade em criar letras poéticas que dialogavam com o pop brasileiro, mostrando seu talento para unir filosofia e arte de forma única.
Além de suas parcerias com Marina Lima, Antonio Cícero também escreveu canções que foram interpretadas por outros grandes nomes da música brasileira, como Lulu Santos, com quem co-escreveu o clássico “O Último Romântico”.
Ele também colaborou com artistas como Adriana Calcanhotto, João Bosco e Waly Salomão, demonstrando sua versatilidade como letrista e sua profunda conexão com o universo musical.
Em 2017, Antonio Cícero foi eleito para a cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), reconhecimento máximo de sua contribuição para a cultura e literatura do país. Na ABL, ele seguiu refletindo sobre temas de grande relevância para a sociedade, sempre fiel a seus princípios filosóficos e artísticos.
Sua presença na Academia foi marcada por um compromisso com o pensamento crítico e a valorização da arte e da cultura como elementos essenciais para o desenvolvimento humano.
Em seus últimos anos, Antonio Cícero enfrentou o mal de Alzheimer, doença que aos poucos foi afetando suas capacidades intelectuais. Lucidamente, ele tomou a difícil decisão de realizar um procedimento de morte assistida na Suíça, em 23 de outubro de 2024, deixando uma carta de despedida emocionante.
Nela, ele expressou seu desejo de manter a dignidade tanto na vida quanto na morte.