Entenda como sua privacidade pode estar em risco com o repasse de dados de celulares para autoridades Governamentais
Empresas reconheceram que compartilham dados referentes aos alertas enviados por aplicativos aos usuários quando requisitado por autoridades. Tais notificações podem conter informações sensíveis, como dados pessoais e financeiros.
Tanto a Apple quanto o Google admitiram que as notificações enviadas para dispositivos móveis podem ser acessadas por governos, em resposta a questionamentos nos Estados Unidos sobre a divulgação dessas informações, o que pode comprometer a privacidade dos usuários.
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O senador americano que investiga esse compartilhamento está ativo desde 2022, e somente no início deste mês as empresas reconheceram que tal prática é possível, conforme reportagem divulgada pela agência Reuters.
Na sua investigação, Wyden concluiu que os governos “podem receber conteúdo não criptografado, que varia desde instruções no código do aplicativo até o texto real exibido a um usuário em uma notificação”. Além disso, as notificações possibilitam o acesso a metadados, revelando informações como qual aplicativo enviou a mensagem, o momento do envio, assim como o modelo do telefone e a conta Apple ou Google associada ao usuário.
A Apple já admitia anteriormente a possibilidade de fornecer dados relacionados a dispositivos e serviços, como iCloud e Apple Pay, para governos. Da mesma forma, o Google já informava sobre a possibilidade de compartilhar informações de aplicativos como Gmail e YouTube.
Entenda como tudo teve início e quais foram os desdobramentos:
Em 2022, o senador dos EUA Ron Wyden recebeu uma denúncia indicando que governos, não identificados, estavam solicitando registros de notificações enviadas em dispositivos iPhone e Android.
Wyden relatou que sua equipe investigou o assunto e contatou a Apple e o Google, sendo informada de que o acesso a detalhes estava proibido pelo governo dos EUA.
Em 6 de dezembro, o senador solicitou ao Departamento de Justiça autorização para que as empresas informassem os usuários sobre o repasse de registros de notificações.
No dia seguinte, a Reuters publicou uma reportagem em que as empresas admitiram a possibilidade desse compartilhamento. A Apple anunciou que atualizará seus relatórios de transparência para incluir detalhes sobre essas solicitações, agora que o repasse de informações se tornou público.
O Google afirmou compartilhar o compromisso de manter os usuários informados sobre os pedidos de registros de notificações.
Uma fonte da agência Reuters revelou que o governo dos EUA está entre os que solicitaram dados sobre notificações, mas outros países não foram divulgados. De acordo com a agência, o Departamento de Justiça recusou-se a comentar sobre a vigilância das notificações ou a alegada proibição que impedia a divulgação desses pedidos pela Apple e Google.
Como funcionam as notificações?
Para que um aplicativo envie notificações aos usuários, é necessário utilizar um serviço de entrega de mensagens, semelhante a um serviço postal que organiza as informações. Aplicativos de iPhone utilizam o Push Notification Service da Apple, enquanto os aplicativos de Android recorrem ao Firebase Cloud Messaging do Google.
“Esses serviços garantem a entrega oportuna e eficiente de notificações, mas isso também significa que a Apple e o Google atuam como intermediários no processo de transmissão”, afirmou Wyden. O senador destacou que, como a Apple e o Google são responsáveis pela entrega das notificações, essas empresas podem ser secretamente obrigadas a fornecer essas informações aos governos.