sábado, dezembro 21, 2024
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    ‘Beetlejuice Beetlejuice’ Diverte, Mas Não Alcança o Brilho do Original de 1988

    Sequência acerta no visual, mas falha em explorar completamente o potencial de Jenna Ortega e Winona Ryder

    “Beetlejuice Beetlejuice”, a sequência do clássico de Tim Burton “Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem”, finalmente chegou aos cinemas. Lançado 36 anos após o original, o filme tenta capturar o espírito irreverente e “camp” que definiu o longa de 1988.

    No entanto, por mais que acerte em alguns aspectos visuais e na recriação do estilo caótico do pós-vida, a trama e o desenvolvimento de personagens deixam a desejar, fazendo com que a produção não atinja o mesmo impacto do seu antecessor.

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    Na cultura americana, o termo “camp” descreve algo simultaneamente cafona, divertido e fascinante, o que resume perfeitamente a essência do filme original. O charme de “Beetlejuice” estava na sua autenticidade despretensiosa, e isso é difícil de replicar.

    Embora Tim Burton tenha tentado manter essa fórmula em “Beetlejuice Beetlejuice”, a sensação é de que o filme falha ao tentar recriar a mágica que tornou o primeiro filme um clássico cult.

    Um visual excêntrico, mas um roteiro descompassado

    O grande trunfo de “Beetlejuice Beetlejuice” é, sem dúvida, o visual. Tim Burton continua a impressionar com sua capacidade de criar mundos absurdos e surreais. Desde o design das criaturas no pós-vida até os cenários peculiares, o filme se mantém fiel à estética excêntrica que marcou o original.

    Além disso, há uma decisão interessante de evitar a dependência excessiva de CGI, o que contribui para a autenticidade de muitos momentos e dá ao filme uma sensação de continuidade em relação ao primeiro.

    Porém, apesar do deleite visual, o roteiro não sustenta o ritmo necessário para acompanhar essa imaginação desenfreada. A história começa com promessas intrigantes, revisitando Lydia Deetz (interpretada por Winona Ryder), agora adulta e com uma filha, Astrid (Jenna Ortega), que também se vê envolvida em situações sobrenaturais.

    No entanto, a narrativa rapidamente se perde em um desenvolvimento arrastado e personagens que parecem mal aproveitados, especialmente as protagonistas femininas.

    Lydia, que no primeiro filme era uma jovem rebelde e espirituosa, retorna em uma versão mais ingênua e passiva, enquanto Astrid, que deveria ser o centro de uma nova geração de fãs, acaba sendo eclipsada por tramas superficiais que giram em torno de personagens masculinos.

    É lamentável que Jenna Ortega, uma atriz tão promissora, não tenha tido a chance de brilhar como deveria.

    O brilho de Michael Keaton e Catherine O’Hara

    Apesar dos problemas narrativos, há elementos que elevam a qualidade do filme, e grande parte disso se deve às performances de Michael Keaton e Catherine O’Hara. Keaton retorna como Betelgeuse, o demônio irreverente que cativa com sua presença enérgica e caótica.

    Seu retorno é tão cômico quanto no filme original, e ele domina todas as cenas em que aparece, mantendo o espírito anárquico do personagem intacto.

    Catherine O’Hara, que dá vida a Delia, também se destaca com uma atuação que mistura excentricidade e carisma. Sua personagem, agora madrasta de Lydia, proporciona momentos hilários e bem executados, mantendo um equilíbrio entre o bizarro e o engraçado.

    O pós-vida: um espetáculo visual

    Os momentos mais memoráveis de “Beetlejuice Beetlejuice” acontecem no pós-vida, onde Burton pode realmente soltar sua imaginação sem limites. As cenas que se passam nesse mundo surreal são repletas de personagens e criaturas estranhas, e o espectador é constantemente bombardeado com elementos visuais cativantes.

    Aqui, o diretor mostra seu talento em criar mundos fantásticos, e é onde o filme se aproxima do espírito anárquico que fez o original brilhar.

    A Sala de Espera do Purgatório, por exemplo, é um espetáculo de bizarrices, com cada figura trazendo uma nova piada visual ou conceitual. Esses momentos são os que realmente capturam a essência do humor excêntrico e “camp” de Tim Burton.

    Quando a nostalgia pesa

    O maior problema de “Beetlejuice Beetlejuice” é sua dependência excessiva de referências ao original. O filme parece hesitante em criar algo verdadeiramente novo e acaba se apoiando demais em momentos nostálgicos, como a trilha sonora icônica e cenas que ecoam diretamente o filme de 1988.

    Embora esses elementos agradem aos fãs de longa data, eles também trazem a sensação de que a produção está presa ao passado, sem ousar inovar ou arriscar.

    O resultado é uma sequência que, embora divertida em momentos específicos, falha em recriar a espontaneidade e o charme do primeiro filme. O ritmo lento do roteiro e o subaproveitamento de personagens como Lydia e Astrid são obstáculos significativos para o sucesso total da produção.

    Beetlejuice: A Comédia Sobrenatural que Se Tornou um Clássico

    Beetlejuice

    Lançado em 1988, “Beetlejuice” é uma comédia sobrenatural que se tornou um clássico cult dirigido por Tim Burton. Com um roteiro original de Michael McDowell e Larry Wilson, o filme se destaca pelo seu humor negro, visual excêntrico e personagens memoráveis.

    A história gira em torno de um casal de fantasmas, Adam e Barbara Maitland, interpretados por Alec Baldwin e Geena Davis, que são perturbados pela chegada de uma nova família em sua casa, os Deetz.

    Após a sua morte em um acidente de carro, Adam e Barbara tentam desesperadamente se adaptar à vida no além, apenas para descobrir que a nova família de moradores, composta pelo excêntrico casal Charles e Delia Deetz e sua filha Lydia, não só está modificando sua antiga casa como também a está transformando em um lugar que eles detestam.

    Com o objetivo de assustar os novos moradores e recuperar sua casa, Adam e Barbara buscam a ajuda de um bio-exorcista chamado Betelgeuse, interpretado por Michael Keaton.

    Beetlejuice é um personagem irreverente, grotesco e cômico, que se destaca por sua aparência desleixada e seu comportamento caótico. O personagem é uma das criações mais icônicas de Tim Burton e é interpretado por Michael Keaton com um vigor inimitável, trazendo uma energia selvagem e imprevisível ao filme.

    Beetlejuice, que só pode ser invocado quando seu nome é mencionado três vezes, acaba se tornando um problema ainda maior do que o que os Maitland inicialmente enfrentavam, devido à sua natureza imprevisível e maliciosa.

    O filme mistura elementos de comédia e terror de uma forma que desafia as convenções do gênero. Com efeitos especiais inovadores para a época, como a transformação de personagens e cenários, “Beetlejuice” criou um mundo visualmente distinto e memorável.

    A direção artística, que inclui cenários surreais e figurinos excêntricos, é um reflexo do estilo único de Burton, que combina o grotesco e o divertido de maneira magistral.

    Além dos elementos visuais, a trilha sonora composta por Danny Elfman contribui para o tom único do filme, com uma música tema que se tornou sinônimo da franquia e um componente essencial da atmosfera do filme.

    A colaboração entre Burton e Elfman neste projeto ajudou a definir a assinatura estética e sonora dos filmes de Burton na época.

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    “Beetlejuice” também aborda temas como a vida após a morte, a identidade e o desejo de se adaptar a novas circunstâncias, tudo com uma dose saudável de humor e irreverência.

    A interação entre os personagens vivos e mortos, bem como o contraste entre a sensibilidade dos Maitland e a anarquia de Beetlejuice, cria uma dinâmica que é ao mesmo tempo cômica e profunda.

    O sucesso de “Beetlejuice” levou a uma série animada que estreou em 1989 e se manteve no ar por quatro temporadas, ampliando o universo criado pelo filme.

    O filme também permanece como um exemplo clássico de como o humor e o sobrenatural podem ser combinados de maneira criativa e eficaz.

    “Beetlejuice” continua a ser um filme amado por novas e antigas gerações, e sua popularidade duradoura é um testemunho do talento de Tim Burton e da habilidade dos atores em trazer à vida um enredo tão único e cativante.

    A combinação de comédia, terror e estilo visual inesquecível solidificou o filme como um ícone da cultura pop.

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