Residência de Ainda Estou Aqui na Urca abrigou momentos emocionantes dos antigos moradores
No coração do bairro da Urca se encontra a casa de Ainda Estou Aqui, no Rio de Janeiro, uma casa de esquina, branca e com uma vista deslumbrante para o mar, se tornou parte do imaginário cultural ao servir como cenário para o filme Ainda Estou Aqui.
Cotado ao Oscar de 2025, o longa dirigido por Walter Salles narra a vida de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro), uma das mais importantes ativistas dos Direitos Humanos no Brasil, que enfrentou a brutalidade da ditadura militar após o assassinato de seu marido, Rubens Paiva (vivido por Selton Mello).
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Antes de ganhar nova vida nas telas, a residência foi o lar da família Savini entre setembro de 2019 e janeiro de 2022, um período marcado por profundas transformações. “Embora tenha sido menos de três anos, foi a casa em que passei mais tempo. Vivemos momentos muito importantes lá, como o nascimento da minha irmã mais nova”, relembrou Livia Savini.
Para ela e sua família, a pandemia, mesmo com todas as dificuldades, se tornou um período de união e fortalecimento emocional no espaço que agora pertence à história do cinema.
Após a saída da família, a casa passou por uma transformação radical. Reformas, vistas inicialmente com estranheza pelos antigos moradores, deram ao imóvel um aspecto envelhecido, com elementos típicos dos anos 1970.
A pintura branca foi trocada por tons desgastados, o portão elétrico deu lugar a um modelo de ferro, e até a varanda foi destruída. “Pensamos que o novo morador era maluco”, brincou Livia, sem imaginar que o diretor de arte Carlos Conti já adaptava o ambiente para retratar a vida da família Paiva com precisão histórica.
A escolha da casa não foi ao acaso. A equipe do filme buscava um imóvel que evocasse a proximidade com o mar, uma característica marcante do lar original dos Paiva, que ficava na orla do Leblon.
Segundo Camila Leal Ferreira, coordenadora de produção executiva, a semelhança entre as duas residências foi tão impressionante que, na estreia do filme, Nalu Paiva, filha de Eunice e Rubens, emocionou-se ao ver a primeira cena. “É igualzinha”, disse ela, com lágrimas nos olhos.
Para a família Savini, a descoberta de que a antiga casa havia se tornado cenário do filme foi um misto de surpresa e nostalgia. Ornella Savini soube da notícia por uma amiga do ensino médio, a atriz Luiza Josovski, que interpreta Eliana Paiva no longa. “Ela me enviou uma mensagem e disse: ‘Você não vai acreditar, estou gravando na sua antiga casa!’”, contou Ornella.
A relação entre o espaço e a narrativa do filme trouxe um significado ainda mais profundo para os Savini. “Assistir ao filme foi como revisitar momentos preciosos da nossa vida. Os cômodos, os detalhes, tudo estava lá. Foi emocionante ver aquela convivência recriada na tela”, revelou Livia.
Após compartilharem um vídeo nas redes sociais contando sua história com a casa, as irmãs Livia e Ornella viralizaram. A publicação alcançou mais de 760 mil visualizações e até recebeu um comentário da atriz Fernanda Torres. “Aquela casa foi muito mais do que um lugar para morar. Ela está cheia de histórias que agora vivem também no cinema”, concluiu Livia.
Hoje, o imóvel permanece como um testemunho de tempos distintos – tanto das memórias de uma família que encontrou ali seu refúgio na pandemia quanto da história de luta e resiliência retratada no filme que promete conquistar o mundo.
A Jornada de Eunice Paiva em “Ainda Estou Aqui”: Luta, Memória e Resistência
Ainda Estou Aqui é mais do que um filme; é um retrato poderoso de uma época marcada pela violência do regime militar no Brasil e pela força de uma mulher que transformou sua dor em luta. Dirigido por Walter Salles, o longa revive os anos 1970, um período sombrio da história do país, narrando a trajetória de Eunice Paiva, interpretada pelas icônicas Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, em fases distintas da vida.
Eunice, formada em Direito, foi casada com Rubens Paiva, político e defensor incansável da democracia, brutalmente assassinado pelo regime militar. Sua morte em 1971 marcou um dos capítulos mais cruéis da repressão, deixando Eunice sozinha para criar seus cinco filhos e enfrentar a hostilidade de um Estado que negava até mesmo informações sobre o paradeiro de Rubens.
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No entanto, Eunice transformou sua tragédia pessoal em força. Reerguendo-se, tornou-se uma das maiores ativistas pelos Direitos Humanos no Brasil, denunciando as atrocidades da ditadura e buscando justiça para as vítimas e suas famílias. O filme mergulha nesse percurso de dor e superação, apresentando Eunice como uma figura humana e complexa – uma mãe, uma advogada e uma lutadora incansável.
A narrativa de Ainda Estou Aqui equilibra a intimidade da vida familiar com a amplitude de um contexto político turbulento. A casa, um dos principais cenários do filme Ainda Estou Aqui, é um espaço simbólico, onde as memórias de uma vida interrompida coexistem com a força para seguir adiante. Cada cena carrega o peso do silêncio, das ausências e da resistência.
Além de seu impacto emocional, Ainda Estou Aqui também se destaca pela precisão histórica e visual. A direção de arte de Ainda Estou Aqui recria com fidelidade os ambientes e a atmosfera dos anos 1970, enquanto a trilha sonora e a fotografia envolvem o espectador em uma imersão completa na época.
Mais do que um registro histórico, Ainda Estou Aqui é uma celebração da memória e da coragem de Eunice Paiva. É um convite para refletir sobre o passado e honrar aqueles que, como ela, escolheram não se calar diante da injustiça. O filme emociona, revolta e inspira, oferecendo uma visão tocante de como o amor e a resiliência podem transformar a dor em uma luta que ecoa através do tempo.