Artista fala sobre sua relação com drogas e mudanças ao longo dos anos
Gilberto Gil, um dos maiores ícones da música brasileira, completou 82 anos na quarta-feira, 26 de junho, e surpreendeu ao confirmar que faz uso diário de maconha, embora com menos frequência devido aos “esforços físicos e mentais”.
Em uma entrevista para a revista Breeza, especializada no universo da cannabis, ele falou abertamente sobre sua relação com as drogas.
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“Dentre os hábitos da minha geração, um deles era as experiências com expansores de estados de consciência, então eu acho que estava de acordo, compatível com o momento da vida, minha idade e meu impulso daquela época”, destacou Gil.
O artista baiano também mencionou outras substâncias que já experimentou: “Durante muitos anos experimentei cannabis, peiote, ácido lisérgico, ayahuasca. Testei vários transformadores de consciência porque, afinal de contas, estavam na pauta”.
Com o passar dos anos, a relação de Gil com as drogas mudou significativamente: “É cada vez menos frequente. Não tenho impulso ou vontade de forçar processos de transformação da realidade através de estados mentais. Não tenho mais energia para isso”.
No ano passado, em entrevista à Veja, Gil já havia abordado o tema: “Eventualmente posso dar um tapa. Usei de 1967 até 2010, mas deixei porque passei a ter uma leve taquicardia. Antes, gostava de fumar para tocar, cantar, compor. Nunca gostei de cocaína.”
“Durante o exílio em Londres, no pós-tropicalismo, tomei ácidos. Experimentei tudo que uma viagem lisérgica propicia — o surreal, o surrealismo e o cubismo”.
Paralelamente às declarações de Gil, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu na quarta-feira, 26 de junho, um novo parâmetro legal para diferenciar usuários de traficantes de maconha, definindo o critério de 40g ou seis plantas fêmeas.
Essa decisão faz parte do julgamento que descriminalizou o porte da droga para uso pessoal, gerando diversas reações no Congresso.
Gilberto Gil: Uma Vida Dedicada à Música, Cultura e Ativismo
Gilberto Gil é um dos maiores ícones da música brasileira e um verdadeiro embaixador da cultura do país no cenário internacional.
Nascido em Salvador, Bahia, no dia 26 de junho de 1942, Gilberto Passos Gil Moreira, conhecido mundialmente como Gilberto Gil, construiu uma carreira que abrange mais de cinco décadas, marcada por sua inovação musical, engajamento político e compromisso com causas sociais e ambientais.
Desde cedo, Gilberto Gil demonstrou interesse pela música. Influenciado pela rica tradição musical da Bahia, ele começou a tocar acordeão ainda criança, inspirado por Luiz Gonzaga, o rei do baião.
Durante a adolescência, trocou o acordeão pelo violão e mergulhou no universo do samba, bossa nova e outros ritmos populares brasileiros. Na década de 1960, Gil se mudou para São Paulo, onde se formou em Administração de Empresas, mas foi a música que dominou sua vida.
No final dos anos 1960, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil se tornou um dos principais nomes do movimento tropicalista, que revolucionou a música brasileira ao misturar elementos tradicionais com influências do rock, psicodelia e música internacional.
O álbum “Tropicália ou Panis et Circensis”, lançado em 1968, é considerado um marco do movimento. As letras provocativas e a sonoridade inovadora do tropicalismo desafiaram o regime militar vigente no Brasil, levando à perseguição e prisão de Gil e Caetano em 1969.
Posteriormente, ambos foram exilados em Londres, onde continuaram a produzir música e ampliar suas influências artísticas.
Durante seu tempo em Londres, Gilberto Gil absorveu novas influências musicais, especialmente do reggae e do rock. Em 1972, retornou ao Brasil e lançou álbuns que se tornaram clássicos, como “Expresso 2222”.
Nos anos seguintes, sua carreira prosperou com sucessos como “Aquele Abraço”, “Drão” e “Realce”. Gil consolidou-se como um dos maiores artistas brasileiros, com uma obra que atravessa o samba, a bossa nova, o rock, o reggae e muitos outros estilos.
Além de sua prolífica carreira musical, Gilberto Gil também é reconhecido por seu engajamento político e social. Em 1987, ele foi eleito vereador em Salvador pelo Partido Verde, defendendo causas ambientais e a inclusão social.
Em 2003, assumiu o cargo de Ministro da Cultura no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante seu mandato, Gil implementou políticas inovadoras que democratizaram o acesso à cultura e promoveram a diversidade cultural brasileira, como os Pontos de Cultura e a valorização das manifestações culturais tradicionais.
A carreira de Gilberto Gil também é marcada por suas colaborações com artistas internacionais e brasileiros. Ele já se apresentou ao lado de nomes como Stevie Wonder, Jimmy Cliff, Sting, Caetano Veloso, Gal Costa e muitos outros.
Seu trabalho é amplamente reconhecido e premiado, incluindo Grammy Awards e Grammy Latinos. Gil também foi condecorado com o título de Artista pela Paz da UNESCO em 1999, em reconhecimento ao seu ativismo em prol da paz e da justiça social.
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Gilberto Gil não é apenas um músico talentoso, mas também um filósofo e pensador. Suas letras abordam temas como amor, espiritualidade, política, ecologia e a condição humana. Sua música é um reflexo de sua visão de mundo, que combina alegria, reflexão e um profundo respeito pela diversidade cultural e pela natureza.
Nos últimos anos, mesmo com a idade avançada, Gilberto Gil continua ativo na música e na vida pública. Ele lançou novos álbuns, realizou turnês internacionais e participou de documentários que exploram sua vida e obra.
Em 2022, ele celebrou seus 80 anos com uma série de shows e homenagens, reafirmando sua posição como um dos maiores artistas do Brasil e do mundo.