Um estudo publicado na quarta-feira (27) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou que em 2022, a humanidade desperdiçou o equivalente a um bilhão de refeições todos os dias
Resolver a escassez de alimentos requer mudanças significativas na forma como os alimentos são produzidos, compartilhados e consumidos. O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) defende medidas práticas destinadas a melhorar a eficiência na produção e na utilização de recursos para produzir mais com menos.
O Índice de Desperdício de Alimentos destaca que, embora o cálculo seja preliminar, a quantidade real de alimentos desperdiçados pode ultrapassar os números relatados. Apesar do problema contínuo de 800 milhões de pessoas enfrentando a fome, o mundo descartou mais de um bilhão de toneladas de alimentos em 2022, o que equivale a mais de 1 trilhãode dólares (5,21 trilhões de reais com base na taxa de câmbio prevalecente).
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Isso equivale a quase um quinto da produção total de alimentos, marcando-o como uma tragédia global, alertou o relatório. Inger Andersen, diretora executiva do Programa, enfatizou que milhões sofrerão fome hoje devido ao desperdício de alimentos em todo o mundo.
Ela destacou que, além de ser uma falha moral, também é uma falha ambiental. O desperdício de alimentos contribui com cinco vezes mais emissões de CO2 do que a indústria da aviação e requer vastas áreas de terra para o cultivo de alimentos não consumidos.
O segundo relatório da ONU sobre desperdício global de alimentos, conduzido em colaboração com a organização sem fins lucrativos WRAP, foi lançado.
Segundo Clementine O’Connor do PNUMA, à medida que os métodos de coleta de dados avançam, a extensão total do problema se tornará mais aparente.
Richard Swannell, da WRAP, expressou sua preocupação à AFP, afirmando: “É simplesmente assustador.” Ele enfatizou que há comida suficiente desperdiçada anualmente para fornecer uma refeição por dia para cada pessoa faminta no mundo.
Em 2022, restaurantes, cafeterias e hotéis responderam por 28% do desperdício total de alimentos, enquanto estabelecimentos de varejo como açougues e mercearias descartaram 12%. No entanto, as residências foram as maiores contribuintes, representando 60% do total, equivalente a cerca de 631 milhões de toneladas.
Segundo Swannell, grande parte desse desperdício decorre de pessoas comprando mais comida do que o necessário, julgando mal o tamanho das porções e negligenciando sobras. Outra questão está relacionada às datas de validade, já que produtos perfeitamente comestíveis são frequentemente descartados devido a suposições incorretas sobre sua frescura.
O relatório destaca que uma quantidade significativa de alimentos, especialmente em países em desenvolvimento, é perdida durante o transporte ou estraga devido à falta de refrigeração.
Contrariamente à crença comum, o desperdício de alimentos não se limita a “países ricos”, mas é um problema global observado em todo o mundo.
Países com climas mais quentes tendem a gerar mais desperdício, possivelmente devido ao maior consumo de alimentos frescos.
As empresas também contribuem para esse problema ao descartarem facilmente produtos não utilizados em aterros sanitários devido aos baixos custos de eliminação de resíduos.
O desperdício de alimentos tem consequências graves tanto para as pessoas quanto para o planeta, levando à perda de habitat e às emissões de gases de efeito estufa.
Se o desperdício de alimentos fosse um país, ele seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa globalmente, seguindo os Estados Unidos e a China.