Ex-ministro do governo Bolsonaro e general da reserva é investigado por participação em ações clandestinas contra a democracia
Braga Netto, ex-ministro e aliado de Jair Bolsonaro, é preso pela PF
Walter de Souza Braga Netto, general da reserva do Exército e figura de destaque no governo de Jair Bolsonaro, foi preso neste sábado (14) pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
A operação faz parte do inquérito que investiga ações para abolir o Estado democrático de Direito, incluindo a articulação de um suposto golpe. Braga Netto foi levado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia.
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O ex-ministro, que foi chefe da Casa Civil e da Defesa durante o governo Bolsonaro, é apontado como uma figura central na organização de ações ilícitas contra instituições democráticas, conforme a investigação conduzida pela PF. Braga Netto também foi candidato a vice-presidente na chapa derrotada de Bolsonaro nas eleições de 2022.
A trajetória de Braga Netto
Braga Netto, de 67 anos, nasceu em Belo Horizonte (MG) e iniciou sua carreira militar em 1975. Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1977, na mesma turma que outros expoentes do Exército, como Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, e Edson Pujol, ex-comandante do Exército.
Ao longo de sua carreira, Braga Netto ocupou cargos de destaque nas Forças Armadas.
Em 2009, foi promovido a general e nomeado chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste. Em 2016, liderou a coordenação de segurança durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. No mesmo ano, assumiu o Comando Militar do Leste, supervisionando 50 mil militares em três estados.
Um dos momentos mais marcantes de sua trajetória foi em 2018, quando foi nomeado interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro pelo então presidente Michel Temer. Braga Netto comandou as polícias Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e o sistema penitenciário estadual durante um período de crise de segurança.
No governo Bolsonaro, Braga Netto foi ministro-chefe da Casa Civil a partir de fevereiro de 2020 e, em seguida, assumiu o Ministério da Defesa. Em 2022, deixou o governo para concorrer como vice-presidente na chapa de Bolsonaro, que perdeu a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva.
As acusações contra Braga Netto
De acordo com a PF, Braga Netto desempenhou um papel de liderança em ações ilegais realizadas por militares e civis com o objetivo de desestabilizar a democracia brasileira. Entre as acusações, estão:
Coordenação de ações clandestinas: Braga Netto teria sido o responsável por comandar operações realizadas por militares treinados em forças especiais, conhecidos como “kits pretos”.
Financiamento de atividades ilegais: O general é acusado de entregar dinheiro em uma sacola de vinho para financiar operações clandestinas.
Manipulação de informações: Ele teria tentado acessar dados confidenciais relacionados ao acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e controlar as informações fornecidas pelos envolvidos na investigação.
Planejamento de atos violentos: Segundo a PF, Braga Netto teve participação direta na coordenação de ações para prender e executar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A prisão preventiva foi solicitada com base no risco de que, em liberdade, o ex-ministro pudesse continuar a realizar ou incentivar ações ilícitas que colocassem a ordem pública em perigo. A PF descreveu Braga Netto como “a cabeça” e “o mentor” das ações golpistas, embora subordinado ao comando de Jair Bolsonaro.
Contexto da investigação
A investigação que resultou na prisão de Braga Netto começou em 2022 e já identificou uma rede de 37 suspeitos, incluindo militares e civis, envolvidos em crimes como organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
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A operação também ocorre dois dias após a prisão de outros militares e de um policial federal acusados de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
A defesa de Braga Netto ainda não se pronunciou sobre as acusações. Em novembro, após ser indiciado, o general declarou que “nunca se tratou de golpe”.
Com uma carreira marcada por altos cargos e um histórico de confiança no governo Bolsonaro, Braga Netto agora enfrenta graves acusações que colocam em xeque seu legado. A operação da PF representa um avanço na investigação de redes que atuaram contra a democracia e reforça o compromisso das autoridades com a responsabilização dos envolvidos.