domingo, outubro 13, 2024
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    Nicolás Maduro é declarado vencedor, oposição e países contestam resultados

    CNE afirma vitória de Maduro com 51%, oposição diz que González teve 70%

    O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou na madrugada desta segunda-feira (29) que, com 80% dos votos apurados, Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais realizadas no domingo (28).

    Segundo o CNE, Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González, principal candidato da oposição, recebeu 44%, resultando em uma diferença de 704 mil votos entre os dois candidatos.

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    Após o anúncio, Maduro declarou em um discurso a seus apoiadores em frente ao Palácio de Miraflores que sua reeleição representava o triunfo da paz e da estabilidade.

    Com a vitória, o ex-motorista de ônibus de 61 anos, que se tornou chanceler, deve permanecer no poder por mais seis anos, totalizando 17 anos à frente do país. Hugo Chávez governou a Venezuela por 14 anos até sua morte em 2013.

    A oposição contestou os números divulgados pelo CNE, alegando que González obteve 70% dos votos e Maduro apenas 30%. Duas pesquisas de boca de urna, divulgadas pela agência Reuters, indicavam uma vitória significativa de González.

    Maria Corina Machado, líder da oposição impedida de disputar a eleição, afirmou: “Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González.” González prometeu não descansar até que a vontade popular fosse respeitada.

    De acordo com o CNE, 59% dos eleitores participaram da votação, um aumento de 13 pontos percentuais em relação aos 46% registrados em 2018, quando Maduro conquistou seu segundo mandato em meio a denúncias de fraude e alta abstenção.

    Diversas autoridades internacionais questionaram o anúncio da vitória de Maduro e pediram uma contagem transparente dos votos. Por outro lado, presidentes de países como Rússia, Nicarágua e Cuba parabenizaram Maduro pela vitória.

    Nicolás Maduro: De Motorista de Ônibus a Presidente da Venezuela

    nicolás maduro

    Nicolás Maduro Moros, nascido em 23 de novembro de 1962 em Caracas, Venezuela, é uma figura central na política venezuelana.

    Ele ascendeu ao poder como o sucessor do carismático líder Hugo Chávez, e sua trajetória é marcada por uma série de eventos que moldaram a história contemporânea do país.

    De origens humildes como motorista de ônibus, Maduro tornou-se presidente da Venezuela, enfrentando desafios econômicos e políticos que definiram sua liderança.

    Maduro começou sua carreira política nos anos 80, como sindicalista e ativista de esquerda. Ele trabalhou como motorista de ônibus para o sistema de transporte público de Caracas, onde iniciou seu envolvimento com o movimento sindical.

    Essa fase da vida de Nicolás Maduro foi fundamental para sua formação política, moldando suas ideias sobre justiça social e direitos dos trabalhadores. Sua dedicação ao movimento sindical levou-o a se tornar um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores do Metrô de Caracas.

    A trajetória política de Nicolás Maduro ganhou impulso quando ele se juntou ao Movimento Quinta República (MVR), o partido fundado por Hugo Chávez em 1997. Ele rapidamente se tornou um dos aliados mais próximos de Chávez, desempenhando papéis importantes dentro do partido.

    Em 1999, após a eleição de Chávez como presidente, Maduro foi eleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde participou da redação da nova Constituição venezuelana.

    Em 2006, Nicolás Maduro foi nomeado ministro das Relações Exteriores da Venezuela, cargo que ocupou até 2012. Durante seu mandato, ele trabalhou para fortalecer as alianças da Venezuela com outros países da América Latina e do Caribe, bem como com nações como Rússia, China e Irã.

    Suas habilidades diplomáticas foram testadas em várias ocasiões, especialmente em momentos de tensão com os Estados Unidos e a União Europeia.

    A confiança de Chávez em Nicolás Maduro ficou evidente quando, em 2012, o nomeou vice-presidente da Venezuela. Chávez, que lutava contra um câncer, via em Maduro um sucessor leal e capaz de continuar seu legado bolivariano.

    Em dezembro de 2012, Chávez pediu publicamente aos venezuelanos que apoiassem Maduro caso ele não sobrevivesse à doença. A morte de Chávez em março de 2013 marcou uma transição crítica para a Venezuela.

    Após a morte de Chávez, Nicolás Maduro assumiu a presidência interina e, em abril de 2013, venceu a eleição presidencial com uma margem estreita de votos. Sua ascensão ao poder foi marcada por uma crise econômica profunda, alimentada pela queda dos preços do petróleo, a principal fonte de receita da Venezuela.

    A inflação disparou, os índices de pobreza aumentaram e o país enfrentou uma grave escassez de alimentos e medicamentos.

    A presidência de Nicolás Maduro também foi marcada por uma crescente repressão política. Em resposta aos protestos antigovernamentais que eclodiram em 2014 e 2017, o governo tomou medidas duras contra opositores políticos e manifestantes.

    Organizações de direitos humanos denunciaram abusos cometidos pelas forças de segurança, incluindo detenções arbitrárias, tortura e mortes durante os protestos. A crise humanitária e a repressão política levaram milhões de venezuelanos a emigrar para outros países da região.

    Em 2018, Nicolás Maduro foi reeleito em uma eleição controversa, boicotada por grande parte da oposição e criticada pela comunidade internacional por falta de transparência e irregularidades.

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    A vitória consolidou seu poder, mas também intensificou a crise política. Em janeiro de 2019, Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional, declarou-se presidente interino da Venezuela, recebendo o reconhecimento de vários países, incluindo os Estados Unidos, mas Maduro manteve o controle do governo.

    Maduro tem se apoiado fortemente nas forças armadas para manter seu governo. Ele promoveu oficiais militares a cargos de poder e garantiu que o exército permanecesse leal a ele.

    As sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e outros países ocidentais agravaram ainda mais a crise econômica, mas também fortaleceram o discurso de Maduro contra o imperialismo e a ingerência estrangeira.

    No cenário internacional, Nicolás Maduro encontrou apoio em países como Rússia, China, Cuba e Irã, que forneceram assistência econômica e política. Essas alianças têm sido cruciais para a sobrevivência de seu governo, apesar do isolamento e das sanções impostas pelas potências ocidentais.

    A presidência de Nicolás Maduro continua a ser uma fonte de divisão na Venezuela e no mundo. Seus apoiadores o veem como um defensor do legado de Chávez e um líder que resiste ao imperialismo estrangeiro, enquanto seus críticos o acusam de autoritarismo, corrupção e má gestão econômica.

    A trajetória de Nicolás Maduro, de motorista de ônibus a presidente, é um testemunho de sua resiliência política, mas também reflete os desafios profundos e contínuos enfrentados pela Venezuela.

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