quinta-feira, novembro 7, 2024
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    Pecuarista usa toxina do Agente Laranja no Pantanal

    Uso indiscriminado de agrotóxicos, incluindo o 2,4-D, ameaça ecossistema vital do Brasil e ressurge traumas da guerra química no Vietnã

    O pecuarista Claudecy Oliveira Lemes, cujo nome vem à tona em meio a acusações de desmatamento no município de Barão de Melgaço, Mato Grosso, agora se encontra no centro de um escândalo ambiental de proporções alarmantes. Com suas 11 fazendas sob escrutínio, a justiça tomou uma medida drástica ao designar uma empresa para administrar suas propriedades até que as investigações sobre o crime ambiental sejam concluídas.

    As áreas desmatadas totalizam 80 mil hectares, uma extensão equiparável à cidade de Campinas, em São Paulo, conforme constatado por uma investigação aérea realizada pelo Fantástico. Os danos visíveis revelam uma paisagem devastada, com vastas áreas desprovidas de vegetação, um resultado direto do uso indiscriminado de agrotóxicos, em um processo conhecido como desfolhamento químico.

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    A investigação revela que o intento do fazendeiro era eliminar a vegetação existente para transformar o terreno em pastagem para o gado. Esse empreendimento destrutivo exigiu não apenas recursos financeiros substanciais, mas também um período de três anos de aplicação contínua de herbicidas. Documentos apreendidos indicam que o gasto somente com a compra desses produtos químicos ultrapassa os R$ 25 milhões.

    O impacto ambiental vai além da destruição da flora local. Os agrotóxicos utilizados, incluindo o 2,4-D, têm potencial de contaminação preocupante, afetando não só o solo e a vegetação, mas também a água. Especialistas alertam para os riscos à saúde pública, ressaltando a semelhança entre esses herbicidas e o infame “agente laranja”, usado pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã.

    Análises laboratoriais realizadas por peritos confirmam a presença desses produtos químicos nocivos no ambiente pantaneiro, classificando-os como altamente perigosos para o ecossistema. A contaminação se estende para além das fronteiras das propriedades de Lemes, representando uma ameaça para comunidades vizinhas e para a biodiversidade da região.

    Diante desse cenário desolador, é crucial que medidas eficazes sejam tomadas para responsabilizar os culpados e mitigar os danos ambientais causados por essas práticas irresponsáveis.

    Quem é o pecuarista investigado

    Claudecy Oliveira Lemes, um fazendeiro de 52 anos, emerge como uma figura central em uma série de crimes ambientais que vêm assolando a região. Com um histórico marcado por desrespeito às leis de preservação ambiental, ele enfrenta agora uma série de processos legais que podem resultar em punições severas.

    Já réu em dois processos anteriores, Lemes é acusado de tentar alterar o curso natural de um rio e de desmatar áreas de vegetação nativa em uma zona de especial preservação. Desde 2019, acumula 15 autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal, evidenciando uma conduta reincidente e flagrantemente danosa para o ecossistema local.

    O acordo assinado com o Ministério Público para a recuperação da vegetação nas áreas de suas fazendas parece ter sido ignorado por Lemes, que optou por continuar suas práticas de desmatamento e uso indevido de agrotóxicos. A promotora de Justiça Ana Luiza Peterlini destaca a gravidade dos crimes cometidos, que incluem a destruição da flora e a contaminação do ambiente com substâncias tóxicas.

    Embora ainda não seja possível determinar a extensão da pena que Lemes poderá enfrentar se condenado, as multas já calculadas ultrapassam a marca de R$ 2,9 bilhões. Além disso, ele será responsável por arcar com os custos da reparação dos danos ambientais causados, estimados em mais de R$ 2,3 bilhões.

    A responsabilidade não se limita apenas a Claudecy Oliveira Lemes. A polícia também busca responsabilizar o piloto do avião utilizado para aplicar os agrotóxicos, Nilson Costa Vilela, e o agrônomo Alberto Borges Lemos, que teria feito a seleção dos produtos químicos utilizados nesse processo de destruição ambiental.

    Enquanto os advogados de Lemes afirmam que seu cliente está cumprindo o acordo estabelecido com o Ministério Público, o advogado de Vilela nega as acusações de despejo de agrotóxicos, argumentando que seu cliente apenas aplicou sementes nas áreas em questão. O paradeiro e a defesa do agrônomo Alberto Borges Lemos permanecem desconhecidos.

    Diante desses acontecimentos, é evidente a necessidade de uma resposta eficaz por parte das autoridades para garantir a preservação ambiental e a punição adequada aos responsáveis por esses atos criminosos.

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